Quer pagar quanto?

3 de setembro de 2023
Quer pagar quanto?
Por Eugenio do Val, 03 de setembro de 2023.

 

É meu caro leitor, têm alguns meses que a gente vem colocando no ar, tanto nas nossas redes sociais quanto aqui neste blog, conteúdos alertando para este momento imediatista do marketing e da publicidade brasileira que deixou o “ quer pagar quanto? ” para correr atrás de um lucro a qualquer custo, em detrimento de uma real preocupação com o seu público!

Pois bem, desde o início deste ano estamos vendo marcas sucumbindo diante do cenário difícil e desafiador, mas não apenas por questões de gestão financeira e macroeconômicas, mas também por erros nas estratégias de marketing que privilegiaram a onda do Marketing Comercial, do  Marketing Digital, do Growth Marketing (!?) e tantos outros penduricalhos, deixando de investir no mais importante: a qualificação da jornada (e da experiência) do cliente, desde quando é apenas uma persona, um lead ou público-alvo.

 

Agora é dedicação total a você?

Poucas foram as marcas que souberam evoluir e ajustar o seu posicionamento, atualizar a sua cultura e sua estratégia de marketing como, por exemplo, a Arcos Dorados – Mc Donald’s Brasil sem perder o cliente de foco. O seu ex-CMO João Branco inclusive fala muito atualmente sobre a urgência em reconstruir os conceitos e o posicionamento do Marketing.

O resultado de tudo isso é que agora bateu o desespero (ou como falamos aqui no interior, a água bateu na bunda) e uma por uma, as marcas começam a olhar para o passado para tentar salvar o que ainda está em pé!

Ver o teaser do emblemático Fabiano Augusto durante a semana na televisão aberta e o super comercial da Casas Bahia com o próprio, em horário nobre da TV brasileiro neste domingo, (programa Fantástico da tv Globo) tentando falar com o coração e conclamando seu público a reatar o caso de amor cunhado por décadas, com o célebre slogan “Dedicação total a você”, é para mim um sentimento de êxtase e ao mesmo tempo tristeza.

 

Quer pagar quanto?

Como bem colocou o Felipe do Portal Publicitário, a essência da publicidade foi perdida, e que ele me permita fazer uma correção, para mim foi a essência do Marketing que se perdeu, pois ele é o pai de todos e, pelas mãos pesadas de uma geração “modinha”, aquilo que tínhamos de melhor e de mais forte foi deixado de lado: marcas empáticas e que se relacionavam de forma humanizada com seus públicos.

Para quem estudou branding, uma icônica propaganda da Sprite celebrou o primeiro rompimento entre marcas e seus públicos na década de 1990. Com o slogan “Imagem não é nada. Sede é tudo. Obedeça sua sede.” a Coca-Cola Company rompia com aquele padrão de estratégia de marketing de pegar o consumidor por uma proposta de valor que em nada se alinhava com os valores das empresas, como no caso das marcas de cigarro e dava a real para seu público nesta campanha.

E com isso chegamos em meados de 2020! Seria mais um ciclo de rompimento se anunciando?

Ao que tudo indica, depois do “Imagem não é nada. Sede é tudo!” vamos iniciar o ciclo “Dedicação total a você, de verdade” pela bobagem que nós, profisisonais de marketing e agregados, fizemos ao deixarmos de perguntar para você, que também é consumidor: Quer pagar quanto?

 

Eugenio do Val é CEO Grupo Produção Coletiva que está há 15 anos no mercado. Antes disso, já trabalhou com varejo da classes D ao Triple A, tudo quanto é segmento do B2B, incluindo o Agronégócio que é seu atual foco, e assim vivenciou o final do ciclo da publicidade de massa incluindo o universo impresso, o início da internet e a sua evolução como base de relacionamento entre marcas e mercados, o advento das redes sociais como terrenos alugados para fazer qualquer coisa em troca de visibilidade, leads e vendas e, agora, vivencia o desabamento gradativo deste castelo de cartas que deixou de fora a razão de ser de qualquer negócio e marca: o público!

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