No agronegócio quando a história é boa é difícil ignorar!

28 de julho de 2023
Projeto Cerrado da Suzano
Por Eugenio do Val

 

O que mais leio e ouço é que o agronegócio brasileiro não sabe se comunicar com o público urbano, assim como o que mais vejo é que o brasileiro pouco valoriza a sua história. Mas eu acredito em uma coisa: No agronegócio, quando a história é boa, é difícil ignorar!

Talvez esteja aí a razão pela qual o agronegócio se comunique com tanta dificuldade, não estamos conseguindo contar histórias boas e, se considerarmos que este segmento da nossa economia é um negócio que faz o Brasil do presente e do futuro desde praticamente o nosso “descobrimento” pelos portugueses, o que não falta são recortes muito bacanas para trazermos para você!

Para fundamentar esta tese, resolvi me debruçar sobre um cenário definido pelo eixo formado pelas cidades de Três Lagoas e Campo Grande nas pontas e Água Clara e Ribas do Rio Pardo ao centro, no estado do Mato Grosso do Sul. Em 140 e poucos anos de existência, essa região segue se desenvolvendo capitaneada pelo agronegócio (antes mesmo dele ter este nome bacana) e, neste século 21, está vivendo uma grande transformação econômica e social como nunca antes vista.

Senta que lá vem a história difícil de ignorar.

Nas minhas pesquisas, descobri que Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, surgiram apenas por volta de 1880, pois eram locais de passagem dos sertanistas que subiam os grandes rios rumo ao centro do Brasil, mas apenas 30 anos depois é que o cenário mudou de local de passagem para ponto de fixação de pessoas. Ou seja, apenas em 1910 com a chegada da pecuária, é que começava nestas cidades um ciclo econômico que levou os pequenos núcleos habitacionais a se transformarem em povoados, que depois viriam a ser distritos e, posteriormente, vilas, tudo em uma janela de 10 anos.

Por mais de 110 anos a pecuária foi a mola propulsora do desenvolvimento da economia destes munícipios e só perdeu força em 2005 por conta de uma crise sanitária – casos de febre aftosa – que afetaram dramaticamente a produção e a economia local, e pelas mudanças na forma de se criar gado em virtude da mudança do cenário econômico em todo o país. Antes, porém, é importante dizer que as cidades do eixo ganharam reforços com a cafeicultura paulista, que impulsionou o avanço da estrada de ferro Noroeste do Brasil pelo sul do então Mato Grosso (só em 1977 que houve o desmembramento do vastíssimo MT, dando origem ao MS). A ferrovia levou ao surgimento do município de Água Clara e o crescimento de Ribas do Rio Pardo e, mais recentemente, com as construções da BR 262 no final de 1960 e da hidrelétrica de Jupiá em 1977 (a terceira maior do país) os 3 municípios se desenvolveram ainda mais.

Voltando ao tema pecuária, além da questão sanitária, a mudança de foco na atividade ocorrida em meados de 2000, demandando a intensificação da produção (áreas menores de pastejo) e pastos tendo que ser tratados como lavouras, o que pressupõe altos investimentos na recuperação do solo que na região é arenoso e pobre, tornaram o negócio menos interessante, entretanto, o que era um problema para a economia local, passou a ser um grande atrativo para uma outra atividade econômica agropecuária: a silvicultura (exploração florestal).

Deste modo, no final dos anos 2000, surgia um novo e potente ciclo do agronegócio entre Três Lagoas e Campo Grande, capitaneado pela indústria de papel e celulose e, também, a de produção de carvão vegetal, a siderurgia e outras indústrias ligadas a exploração florestal.

A primeira cidade a desfrutar do boom econômico e social deste século foi Três Lagoas que, em menos de 10 anos, recebeu a Eldorado Celulose, a Fibria (hoje Suzano), a Sylvamo e a siderúrgica SITREL. Em seguida, foi a vez de Água Clara com a indústria madeireira capitaneada pela Greenplac (MDF) e as moveleiras e, também, a avicultura através da Cobb Vantress.

Agora quem experimenta uma explosão econômica e social é Ribas do Rio Pardo, com reflexos em Campo Grande, uma vez que está em curso o Projeto Cerrado, que contempla a maior e mais sustentável indústria de celulose do grupo Suzano, provocando geração de renda e emprego muito além do pequeno munícipio que corre contra o tempo para se adequar a esta nova realidade.

E o meio ambiente agradece!

Se ao longo de um século de predomínio da atividade pecuária, a característica do processo era o desmatamento e abertura de fazendas nesta região do bioma cerrado, neste novo ciclo capitaneado pela silvicultura, o que vemos é uma preocupação com o reflorestamento, a preservação ambiental (com grande aporte de recursos financeiros) e a sustentabilidade da operação das indústrias instaladas e que estão se instalando no eixo.  Questões envolvendo o meio ambiente, desde a co-geração de energia, passando pelo tratamento e reaproveitamento da água e também o tratamento dos efluentes é assunto comum.

Para quem trafega pela BR 262 é possível ver também a integração pecuária floresta, melhorando a produtividade das fazendas, a qualidade das pastagens e do bem estar-animal.

 

E agora te pergunto: No agronegócio quando a história é boa é difícil ignorar?

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Matéria do Valor Econômico de 01/08/23:

Centro-Oeste cresce quase o triplo da média e puxa geração de empregos

Sucesso do agronegócio alavanca contratações e elevação da renda também em outros setores.

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